NA BEIRA D´ÁGUA
Na garganta do tempo
O ouro é pó
Que a saudade engole com vinho
E mel.
Nos olhos da noite
O animal ferido de morte
Geme a sua dor
Diante da membrana d´água.
Ainda espera
Uma promessa de vida
Uma gota de sangue
Sangue de mártir, sangue de Marte
Sangue de morte.
Cessam as dores da carne
dor dos ossos e
Abre-se o precipício
da dor na alma.
Uma gota de mel
Uma gota de fel
Um véu arredado
Revela o fauno almiscarado
Mascarado enquanto dança
Sem tempo
Sem templo
Só a dança das horas
Nas feridas da carne
Nos reflexos do amor parido
Que traz a dolência
Dormência
Carência
E uma gota d´água
Que passeia entre os lábios
Alimentando as raízes
As vísceras de toda loucura
E consome o animal e
O amor
Na beira d´água.
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Luciah Lopez
Enviado por Luciah Lopez em 06/11/2008
Alterado em 08/08/2009