A quietude desta hora Desnuda-me Diante do templo – teus olhos. Onde a decência Entremeada de ventos fonéticos Faz acordar a sacerdotisa enamorada Que traz em suas mãos Óleo perfumado E mirra... Clã da minha existência Obedientes aos segredos Da fonte secreta Murmurem em meus ouvidos As palavras que meus lábios Depositarão em tua alma Fazendo clarear O teu semblante adormecido na dúvida. É sabido Que teu coração/meu coração Pedra e sangue Espírito e carne Pulsam e vibram Juntos. Nascemos juntos Na memória do pó E na taça que sacia a sede do amor E somente a vida Conduz-nos nesta pauta De notas aconchegadas Na luz que me revela as tuas mãos. Amor meu, Carrego a demora dos dias Em cada abraço A ânsia da tua boca, em cada respiração E a tua existência Gravada na minha existência. Como separar minha alma da tua Se o perfume da vida exala?! Fala amor meu, fala. O que inocenta a minha agonia E o meu bem querer?! O que pode alegrar a noite Quando a lua já se foi?! Como construir sonhos Quando a alegria é triste?... Como sentir a luz Se a sombra Aos meus pés rasteja?! Só o amor que te tenho Que viaja este deserto pulsante de cores E reluz aos teus pés Entre o ouro e a prata E nutre minha alma no silencio das palavras Que ainda meus lábios não disseram.