DESNUDA-ME Desnuda-me sob o sol Inclemência Na quentura do dia Sangue Nos arreios da pele Onde o sopro De uma brisa Acerca-se E se vai timidamente. Desnuda-me! Desnuda-me sob a lua Desprovida de sede E anseios, Queima seus incensos E suas vestimentas Permaneça imaculado Diante Dos meus olhos E ante a porta que Guarda a eternidade da noite. Desnuda-me diante Dos seus desejos Sem a punição do Remorso Sem o peso da duvida Que esculpe a imagem Da dor No extravio da liberdade. Desnuda-me na verdade De todas as coisas Na oração constante Na fragilidade do hoje Na sombra e na luz Entre um tempo Vertical E a queda de um anel. Desnuda-me e eleva-me Na tua verdade E na coragem que emana Da paixão que te habita. Desnuda-me e envolva-me Na compreensão Do silencio e no segredo dos seus sonhos Quando me fazes ler O que escreves com seus dedos No meu corpo nu. Desnuda-me Diante do seu coração Neste meio-aperto Das coisas que se movem Enquanto a ânsia da vida Obriga-nos a nos pertencermos Em carne e alma E a sua boca necessita da minha. Desnuda-me!...