Um dia eu vou voar Abrir minhas asas na boca do vento Envolver meu corpo no azuláceo de cada nuvem Chegar bem perto de Deus e gritar. Gritar até a rouquidão calar minha voz Até que os meus olhos se cansem da amplidão E do silencio etéreo E se fechem na mudez fria De um beijo branco. Um dia eu vou voar! Novamente sobre o tapete verde a sombra Dos braços abertos Que em porte de cruz me elevam/levam Até o perfume das suas palavras Um dia eu vou voar... E talvez não haja voltas/idas/vindas Apenas uma breve ausência Um excesso de zelo Um anel de brilhante/beijo longo e molhado Um prato feito Um amor cozido De arroz com cebolas/macarrão com ovos Um chá de capim limão - suas mãos são lindas! E me fazem voar Quero voar além das montanhas/ além do medo E percorrer o verde da pedra esmeralda Que filosofando passa o dia Empoleirada nas alegorias e afogando-se nas Beberagens de cipós e ervas Ve a verdade escancarada e nua. Um dia eu vou voar Para dentro da tua boca/direto na metamorfose Da sua perfídia Acariciando as frestas/feridas Comprimidas entre nós de liames [feitos com os fios dos meus cabelos de fogo] E a viagem alucinada nos fará cúmplices Nesta teia/meias palavras/meias medidas Metade você metade eu Nós dois voando.
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Luciah Lopez
Enviado por Luciah Lopez em 20/05/2009
Alterado em 30/07/2009