MANDACARU DE SANGUE
-Da tua seiva,
Oh, Mãe d’água
Virgem branca do sertão,
dá-me de beber! - pede o chão ressequido
aberto em chagas
bocas caricatas
que devoram a rosa agreste.
-Dá-me de beber
suplica o macambuzio caminhante
massacrado / execrado pela própria sorte
envolto na poeira
tenta guardar aos olhos
a última lembrança do massacre seco
que rouba da mãe o filho
e do filho a teta seca!
Nas pedras, farpas e espinhos
deixa carnes e sonhos,
e com sangue vermelho/fruto do mandacaru
enfeita mais um pôr do sol
na alma sofrida de mais um retirante.
Luciah Lopez
Enviado por Luciah Lopez em 07/07/2012
Alterado em 18/07/2017