VIBRAÇÕES HUMANAS
O silêncio e foi quebrado pelas sirenes dos carros da polícia e pelo falatório dos curiosos aglomerando-se cada vez mais perto para ver melhor. Havia também o cheiro forte, um cheiro que nós, os ainda vivos demosntra o embate entre a vida e a morte revelando o nosso mais profundo medo. A moça estava lá, deitada no chão, e o mato à sua volta, pisoteado revelava ter havido naquele local uma luta. Aquela moça lutou pela sua vida até ser brutalmente derrotada. As suas roupas foram rasgadas e atiradas longe e algumas peças ficaram penduradas nos galhos mais fortes dos arbustos. Suas pernas afastadas, revelavam o negrume das suas partes íntimas incineradas, calcinadas pelo fogo ainda guardavam vestígios dos pedaços da estopa que foram embebidos em gasolina e depois introduzidos em seus genitais para que fossem queimados na tentativa cruel e insana, de remover provas de violência sexual. As suas mãos crispadas, seguravam um pouco de terra e grama, unhas quebradas (talvez uma última tentativa de manter-se viva tenha se agarrado ao solo ) como se pudesse ganhar uma força sobre humana e fugir de seus algozes. Os seus mamilos foram extirpados a dentadas e cuspidos ao lado do corpo. A sua pele retalhada por algum instrumento cortante exibia a carne sem brilho e sangue seco, grudado nas bordas das feridas. A tortura durou algumas horas, e foram quatro os seus carrascos - ela não teve a menor chance. A noite e suas pequenas criaturas ficaram em silêncio, indefesas diante da maldade humana; a moça gritou de dor e seus gritos foram ouvidos pelos moradores mais próximos mas, na duvida entre o medoe a ajuda, resolveram se aquietar em suas camas e dormir o sono dos 'justos' até que finalmente ouviram o tiro. Um unico e silêncio de morte encobriu a caminhada dos quarto anjos da morte para a claridade da luz dos postes. A moça ficou lá. Quieta. Inerte. Sem vida. Os ratos do campo e os pássaros vieram visitar os despojos - talvez tenham se alimentado do sangue e da carne exposta. Talvez tenham ficado em silêncio, porque destes ciclos perversos, só fazem parte os homens e suas aflições puramente humanas. A moça foi levada e foram validados todos os votos, que um dia a mulher que a trouxe ao mundo os fez. O tempo passou e o mato voltou a crescer onde fora queimado e pisoteado, só a moça não voltou a sorrir.
+Daniele da Silva Santos, 24 anos