Fala das cores de um por do sol
das gotas de tinta
escorridas numa tela que só eu sei pintar.
O vento afaga os meus cabelos vermelhos
tintos do suor das uvas
que insistem em amadurecer agora
quando as portas da catedral ainda não se abriram...
O vento traz um perfume que eu não conheço. ( ! )
Um perfume diferente do sândalo e da erva doce
com os quais lavei as minhas palavras
deixando-as secar sol
para depois escrever cada rima e cada verso
que brotavam como gemas preciosas...
Sopra vento! Sopra...
Traga-me o pó dos pergaminhos
o sangue da terra
o breu e a magenta florescida no coração que pulsa
no grito daquelas que controlam as horas
em rocas de madrepérola.
Traga-me o futuro e o passado
engastado num anel de tempo
pedra de fogo
luz dos meus olhos
perdida nos seus olhos;
antítese de um sonho preso num relicário.
Silencio!
O tempo agora dorme
enrodilhado feito um gato
no desvão de um olhar que não se abriu.
Luciah Lopez
Enviado por Luciah Lopez em 22/06/2013
Alterado em 22/06/2013