PAISAGEM INTERIOR
_____eu morro sufocada neste álbum de retratos que a descontinuidade do Tempo faz azular. Quanto mais eu contemplo os detalhes das penas dos pássaros, mais me dou conta de que não posso voar -, e num impulso me lanço ao abraço feito pintura de tinta guache e me penduro no dorso da ilusão de viver em você. Ah, os seus instintos mais primitivos a invocar-me a docilidade de quem vive à margem da realidade, na luminosidade dos seus olhos de sol e, poucas são as palavras que o Tempo nos participa, porque nem o rio, nem a floresta, nem a montanha ou mesmo o mundo interior pode separar o que provem de nossa alma e pode ser refletida no espelho d'água - benéfica e cristalina água que sacia a sede de todas as sedes: a felicidade de ser assim, tão sua.
Imagem: Chelsea Greene Lewyta