DA TUA CARNE
O meu nevoeiro interior
Esconde a minha condição de animal
Ansioso por saciar a fome na maciez tua carne.
Enquanto pensamentos insanos presenteiam
As trevas do meu coração
A solidão iminente rasteja entre meus pés
Teimando em carícias que não me pertencem.
Sou anjo caído!
Sem rumo nem paradeiro...
Os poemas que te escrevo escorrem do meu sangue
Em letras doloridas de um parto seco.
Minhas horas, meus momentos não te pertencem
Tornam-se anos de abandono
Onde nem mesma eu existo, apenas estou.
Nem a lua me olha!
Quando a visão da tua carne me faz salivar,
O teu sangue me parece doce...
Nas tuas veias o meu desejo,
Em minhas mãos as tiras da tua pele
Mostram-me como é dolorosa minha tristeza
E minha solicitude para com você.
Já não respiro!
Limito-me à vida nas entranhas do meu medo
Enquanto quebro o cristal
Libertando a tua imagem...